segunda-feira, 26 de abril de 2010

Paranóia.


Ai. Nem sei por que me sinto tantos quilos mais leve. Ontem pude ver que com pouquíssimo, eu perco o muito de juizo que tenho.
Como explicar tantos sentimentos? Tantas sensações? Se os sentimentos, em sua maioria, não se explicam?
Ontem pude experimentar sensações tão diferentes para uma única situação. Pude constar que nesse mundo é "vai ou racha", e eu, rachei!
Quebrei, penso eu, muitos grilhões. Correntes pesadíssimas que me mantinham numa inércia macabra.
Pode ser só TPM, mas seria menosprezar uma experiência marcante e um tanto maravilhosa.
O que aconteceu ontem, é coisa muito minha. Para as outras pessoas é até engraçado, mas isso se dá ao meu talento para a comédia. Uma comédia trágica, ou uma tragédia cômica?
Não fosse por meus acompanhantes, a noite teria sido mais calma e prazerosa.
Eram desconhecidos. Três pessoas que não são do meu convívio, pensamentos desconhecidos, reações imprevisiveis. Tudo isso contribuiu para que eu surtace.
Ando pensando na minha depressão. Analisando e ponderando os fatos que me levam à essa conclusão.
Tive uma crise (assim considero) muito seria no começo do ano. Triste de verdade.
Era como se eu acordasse dormindo ou dormisse acordada. Só me lembro da cama. Do colchão na verdade.
Abrir o olho e ver o teto, fechar o olho e ver o teto. Só isso. Durante algumas semanas, longas semanas.
A única coisa que conseguia perceber era o tédio e a angústia. Angústia de estar em casa, sem dinheiro e com o dever de estar atenta aos meus pais.
Eu até gosto de dar atenção a eles. É um dever que me da um certo prazer e bem estar. Já que é a única coisa que posso fazer, estando nesse estado de inércia total. Eu ouvia mas não dava ouvidos as baboseiras que minha mãe dizia, e às reclamações do meu pai.
Como filha única, numa casa de três moradores, é facil notar quando as coisas estão desandando ou quando estão indo bem, de acordo com o plano.
Mas o flagrante da Morgana me fez perder o chão.
É, foi nesse momento que me vi sem rumo, sem ter nem pra quê. Começei a me culpar pela possivel separação dos dois. Senti que perdi dois bons amigos.
E foi isso mesmo que aconteceu.
O Lucas veio aqui. E ele nem me olhou nos olhos. Desviava o olhar e a atenção toda vez que eu estava mais perto dele.
Isso também pode ser coisa da minha cabeça. Mas se for , quer dizer que estou com sérios problemas mentais.
Tudo parece uma esquizofrenia. Eu escuto coisas, vejo coisas, e não sei por que, resolvo fingir que não é nada. Resolvo mentalmente acreditar que tudo não passam de desejos inconcientes. Por que essa vontade tão grande de não dar crédito às coisas que acontecem? São problemas pequenos e que de alguma forma movimentam o meu dia-dia. E por que menospreza-los tanto? Diminuir sua importância ao ponto de achar que imaginei tudo aquilo?
Mania feia essa!
Pois bem, ontem foi um dia excepcional em minha vida.
Um dia que nunca pensei ter.
Passei apenas 4 ou 5 hora fora de casa e como num passe de magica pude sentir a tudo tremer.
Dei motivos muito plausíveis para que meus pais chamassem o samu e me levassem para um CAP's da vida.
Um surto tão repentino que só de lembrar, treme-me os ossos.
Falando assim, até parece que fiz uma loucura absurda. Mas como disse lá no começo, foi um mix de sentimentos tão grande que de forma alguma poderia explicar. Estou tentando mas o tom de drama e suspense não condizem com o que estou tentando lhes dizer.
Senti medo, desespero, amor, ódio; tudo!
Tudo veio à tona como em uma erupção vulcanica. Explosões de riso, lava correndo garganta à baixo, uma fumaça carregada de enxofre entrou póros a dentro.
Na minha cabeça tudo ia se acabar. O mundo ia cair em cima de mim e nada se podia fazer.
Me dei conta da falta de seguraça da minha casa, janelas fracas; facilmente cederiam a murros e ponta-pés. De onde viriam esses socos e sopros de lobo mal? Ótima pergunta!
Como num filme, vi em minha mente uma multidão de pessoas falando ao mesmo tempo, um coro de risadas e gritos estéricos. Essas pessoas me acusavam, com o dedo em riste apontavam para meus erros passados e fracasso futuro. Musica tocava todo o tempo, uma seleção maluca e aleatória de tudo que ouvi durante o dia. Buzinas e apitos. Pássaros voando em bandos, flores belíssimas sendo pisadas por aquela muldidão que se aglomerava ainda mais no meu portão.
Saí do quarto procurando um pouco de realidade, coisas palpáveis, de facil entendimento. Mas era tudo líquido. Tudo nuvem. Uma neblima intensa cobria todo o campo de visão; nada se via alem dos 100 metros. E eu não tinha nada para ver a uma distancia menor então, voltei pra segurança da sala de estar.
Acendi todas as luzes da casa mas logo percebi o erro. Seria melhor apagar tudo e ficar em silencio ou, acender tudo e mostrar ao invasor que aqui mora gente. Aqui mora deus.
Ah, eu rezei também. Rezei com fé. Como a muito tempo não fazia. Fé não, desespero. Queria ajoelhar aos pés da Salete e lhe pedir perdão. Mas ela, muito preocupada, foi se deitar antes do amém.
Antes do amém ainda me levantei pra por o gato pra dentro do quarto. Curiosamente ele se deitou ao meu lado e tomou um banho. Ele queria me dizer que estava tudo bem, que eu não precisava temer o bandido porque ele não estava lá.
Fiquei mais calma depois disso. Coloquei minha segurança naquele gato e me deitei. Ainda ouvia muito barulho mas fui abafando aos poucos as batidas fortes do meu coração em panico.
Foi um sono revigorante. Dormi muito e muito bem.
Ao levantar me sentia diferentemente igual.
Lembrei do que tinha acontecido na noite anterior e ri! Ri muito. Não foram gargalhadas mas, um riso franco de quem não entendeu nada da piada.

Um comentário:

  1. Vou ligar, pode?
    Fiquei preocupada com esse post e curiosa, não posso negar.
    Beijo, te ligo o mais breve possível.

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